Onde posso ser eu mesma.

Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008



"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer."

Martha Medeiros

sinto-me:
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publicado por averdadeiraeu às 18:24
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Terça-feira, 15 de Janeiro de 2008

Hoje eu deixei-me pensar novamente em ti.
Abri
aquele armário pesado onde guardo toda imensa saudade que ficou.

Saudades tuas, do que eu era, do nosso amor de ontem.
Revivi tudo que passou como um filme de amor.
Daqueles que tem uma música perfeita, um final triste e a gente chora todas as inúmeras vezes que o revê.
Senti o teu perfume no ar, embora distante, simplesmente inesquecível.
Parecia ouvir a tua voz em sussurros que eram deliciosamente comuns e agora são quase imperceptíveis.
Num relance de luz vislumbrei o teu sorriso, absolutamente fascinante...
Arrepiei-me, tremi...
As pernas tremeram ... o ar ficou rarefeito ...
Os lábios secaram numa sede infinita.
O coração, como uma casa vazia e sem luz está de portas e janelas abertas para tu entrares e iluminá-lo, revive-lo...
Fechei os olhos,
Tentei abri-los...e quando o fiz tudo parecia como antes.
Novamente perdida, natureza morta, música sem som ...
Tu realmente não estás aqui, nem estives-te recentemente,
Desapareces-te e levas-te junto a vida, as cores, a luz.
O silêncio retorna e cala as emoções
Que só reaparecem em flashbacks
Em recordações que se esmorecem...
Mas Hoje, especificamente
Eu amei-te de novo!

( naqueles dias em que tudo parece que mudou.. que nada vai ser como foi)

 

sinto-me: estranha
música: Pieces - Sum 41
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publicado por averdadeiraeu às 21:38
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